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terça-feira, 31 de maio de 2011

O Método de Projetos de William Kilpatrick

O Método de Projetos foi criado pelo norte-americano William Kilpatrick (1871-1965) baseado nas ideias de John Dewey (1859-1952). Em setembro de 1918, uma das mais importantes revistas de educação, Teachers College Recort, divulgou um artigo no qual este autor explica e denomina o “Método de Projetos”. Tal proposta caracteriza-se como uma forma de integração curricular e preocupa-se com o “interesse” que deve acompanhar o trabalho pedagógico de modo a suscitar no aluno a vontade de saber. O embasamento teórico de Kilpatrick estava fundamentado nos estudos de uma “escola ativa” de John Dewey. A dimensão socializadora das propostas curriculares foi a grande impulsionadora do Método de Projetos.
Naquela época os conceitos científicos não eram construídos com os alunos, que deveriam memorizar os conhecimentos “aprendidos”. Deste modo, não proporcionavam uma melhor inserção e participação das crianças em seus ambientes de circulação. De acordo com Santomé (1998, p. 204), “o principal ponto de partida do método de projetos deriva da seguinte filosofia: por que não fazer dentro da sala de aula o que se faz continuamente na rua, no ambiente virtual verdadeiro?”. Assim, continua este autor, “o método de projetos desenvolve-se com a finalidade de resolver os problemas de meninos e meninas em suas vidas cotidianas, como construir uma cabana, preparar uma festa local, construir uma pequena horta, proteger e ajudar um animal ferido, etc.”
Kilpatrick destaca três questões indispensáveis para o planejamento dos Projetos:
1- Como se realiza a aprendizagem;
2- Como a aprendizagem intervém na vida para melhorá-la;
3- Que tipo de vida é melhor.
Para Kilpatrick, não basta a atenção, é necessário também a intenção, pois esta torna o educando agente que prepara e executa. O projeto consiste em atividade intencionada em que os próprios alunos fazem algo num ambiente natural, integrando ou globalizando o ensino. Por exemplo, através da construção de uma casinha de coelhos, podem ser ministrados vários ensinamentos: geometria, desenho, cálculo, história natural, etc.
Há projetos que podem durar apenas algumas horas, como: redigir um ofício, preparar um programa para uma festa escolar, organizar um jogo, experimentar alguma coisa de novo, como ouvir uma história, um trecho de música, apreciar uma pintura. Projetos existem que são mais complexos, como o projeto do Banco, que implica em uma série de projetos menores, como: o estudo de juros, a noção de câmbio, a redação de cartas, a visita a um grande banco da cidade, a instalação material da sede, etc., que ocupou a classe por todo um semestre.
Alguns aspectos dos projetos destacados pelo autor:
a) Não existe passos formais, ordem pré-estabelecida, nos projetos. Existe contudo uma sequência natural de passos: imaginar alguma coisa, projetá-la claramente, recorrendo à informação e à pesquisa, executá-la e julgá-la.
b) Convêm que os projetos sejam propostos pelos próprios alunos e orientados pelo professor. Se não houver iniciativa da classe, o professor fará propostas.
c) O projeto implica ensino globalizado. Não há disciplinas isoladas.
d) O projeto conduz ao trabalho em comunidade. A tarefa nunca é de um só, mas de toda a classe ou de grupos.
e) Proposto o trabalho, o professor torna-se um conselheiro discreto, atendendo solicitações, encaminhando, estimulando neste ou naquele ponto. Orientar sempre, sem contudo impor ou inibir iniciativas.
f) O sistema de projetos não oferece desculpas para a indulgência ou mero capricho dos alunos, nem justificações para a indisciplina ou desculpa para o trabalho descuidado.
O Método dos Projetos de Kilpatrick parte de problemas reais, do dia-a-dia do aluno. Todas as atividades escolares realizam-se através de projetos, sem necessidade de uma organização especial. Originalmente ele chamou de projeto à "tarefa de casa" ("home project") de caráter manual que a criança executava fora da escola. O projeto como método didático era uma atividade intencionada que consistia em os próprios alunos fazerem algo num ambiente natural, por exemplo, construindo uma casinha poderiam aprender geometria, desenho, cálculo, história natural etc. Kilpatrick classificou os projetos em quatro grupos:
a) de produção, no qual se produzia algo;
b) de consumo, no qual se aprendia a utilizar algo já produzido;
c) para resolver um problema;
d) para aperfeiçoar uma técnica.
Quatro características concorriam para um bom projeto didático: a) uma atividade motivada por meio de uma consequente intenção; b) um plano de trabalho, de preferência manual; c) a que implica uma diversidade globalizada de ensino e d) num ambiente natural.
Como trabalhar com projetos? Projeto vem de projetar, projetar-se, atirar-se para a frente. Na prática, elaborar um projeto é o mesmo que elaborar um plano para realizar determinada ideia. Dessa forma, um projeto supõe a realização de algo que não existe, um futuro possível. Tem a ver com a realidade em curso e com a utopia possível, realizável, concreta. Dificilmente os integrantes de uma escola escolherão trabalhar num projeto da escola se ele não foi a extensão de seu próprio projeto de vida. Trabalhar com projetos na escola exige um envolvimento muito grande de todos os parceiros e supõe algo mais do que apenas assistir ou ministrar aulas.
Além do conteúdo propriamente dito de cada projeto, conta muito o processo de elaboração, execução e avaliação de cada projeto. O processo também produz aprendizagens novas. "A própria organização das atividades didáticas deve ser encarada a partir da perspectiva do trabalho com projetos. De fato, respostas a perguntas tão frequentemente formuladas pelos alunos, em diferentes níveis, como: Para que estudar Matemática? E Português? E História? E Química?" Não podem mais ter como referência o aumento do conhecimento ou da cultura, ou ainda, mais pragmaticamente, a aprovação nos exames. A justificativa dos conteúdos disciplinares a serem estudados deve fundar-se em elementos mais significativos para os estudantes, e nada é mais adequado para isso do que a referência aos projetos de vida de cada um deles, integrados simbioticamente em sua realização aos projetos pedagógicos das unidades escolares.


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