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sábado, 4 de junho de 2011

O materialismo histórico de Marx


Materialismo histórico é o termo que Marx designa o método de interpretação histórica, e que consiste em interpretar os acontecimentos históricos como fundados em fatores econômico-sociais (técnicas de trabalho e de produção/ relações de trabalho e de produção). O fundamento básico está ancorado na perspectiva antropológica marxista, que concebe a natureza humana como intrinsecamente constituída por relações de trabalho e de produção que os homens estabelecem entre si com vistas à satisfação de suas necessidades. Nesse sentido, a tese, ao meu ver, segundo a qual as formas historicamente assumidas pelas sociedades humanas dependem das relações econômicas que prevalecem durante as fases que conformam o seu processo de desenvolvimento, constitui uma proposição fundamental para o materialismo histórico.
O termo materialismo aplicado ao método proposto por Marx quer indicar que ele se encontra vinculado a uma corrente filosófica que se pode designar genericamente com esse termo. Esse termo é utilizado para designar toda doutrina filosófica que atribui causalidade à matéria. Dentro, então, dessa perspectiva, o materialismo histórico, desde o momento em que funda a natureza humana e as formas históricas da sociedades nas relações de trabalho concretas, diversas e mutantes, isto é, materiais, posiciona-se contra o idealismo e, por conseguinte, não admite que o Espírito (ou as formas ideais/ideativas) possa ser designado como sendo o princípio de organização da totalidade social. A dimensão histórica desse materialismo decorre exatamente do fato de ele assumir que a produção historicamente diversa da vida material condiciona, em geral, a produção da vida social, política e espiritual.
O tratamento dado por Marx às questões que haviam sido alvo da atenção dos economistas clássicos. Estes definiram como objeto de estudo a produção, a distribuição e o consumo das riquezas produzidas em nível nacional e nesse estudo utilizaram categorias como valor, propriedade, trabalho, população, nação.
Segundo Marx, os economistas concebiam tais categorias como abstrações constituindo verdades eternas e, por conseguinte, não percebiam que a produção de uma categoria se dá a partir do real, do concreto que é a produção social da vida.
Ao pensarem as categorias de modo abstrato, os economistas constituíram-nas como racionais e universais, muito embora tenham sido construídas a partir de uma sociedade historicamente determinada, a sociedade capitalista, cujas características definem um determinado modo de produção. O objetivo da critica de Marx à economia clássica foi exatamente em fundar o tratamento científico das questões elaboradas pelos economistas clássicos. Para tanto, foi necessário construir categorias capazes de dar conta das dimensão particular e especificamente histórica das sociedades capitalistas e de seu modo de produção.
Marx indica que a satisfação das necessidades humanas não é apenas uma entre outras atividades, mas constitui a condição fundamental de toda a história. Assim, ao transformarem, pela produção, matéria-prima em matéria humanamente utilizável, os homens não apenas satisfazem necessidades como também engendram relações sociais, através das quais se relacionam entre si e com a própria natureza.
A teoria marxista opõe-se, então, a toda a forma idealista de pensamento, ou seja, àquelas formas que pretendem dar o primado teórico ao pensamento, à razão, ao espírito, vistos como realidade primeira, em detrimento das relações sociais, particularmente das relações sociais de produção. Nesse sentido, o materialismo histórico afirma que os fenômenos intelectuais, artísticos, políticos e jurídicos constituem uma superestrutura determinada em última instância pela infraestrutura econômica. Assim, sendo, os fatores econômicos constituem a realidade primeira. Essa concepção chama-se materialismo exatamente porque concebe o elemento material (infraestrutura econômica) como sendo o fundamento. Esse materialismo é histórico porque concebe a formação da infraestrutura e de modo de produção como historicamente determinados.
Portanto, pode-se dizer, que ao afirmar que o fator infraestrutural é determinante em última instância, o materialismo histórico não pretende sugerir que o econômico seja o único determinante. Além do fato de que a produção de ideias e das representações incindir sobre a atividade material do homem, é preciso também considerar que os fatores superestruturais podem muito bem assumir o primado na determinação da forma das lutas históricas.
Assim como Hegel, Marx utiliza o método dialético na construção de sua teoria. Embora não se deva subestimar a importância de Hegel para o pensamento moderno, Marx faz questão de frisar que o seu método dialético é a antítese da dialética hegeliana. Isso porque a dialética na sua forma não-mistificada, racional, tal como ele a usa, é crítica e revolucionária, possibilitando perceber que a realidade é complexa e que não pode ser compreendida, por exemplo, a partir das abstrações dos economistas clássicos, os quais cedem à aparência de oposição que existe entre o consumo e a produção, que na realidade são indissociáveis.

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